segunda-feira, 27 de julho de 2009

Polemico nome da Ponte sobre o Zambeze

Polemica em torno do nome da ponte sobre o Zambeze

Celso Manguana

Um grupo de cidadãos moçambicanos pôs a circular na internet uma Carta Aberta ao Presidente da República na qual, entre outras coisas, apela-se a que este, "por razões éticas e de justiça não aceite a proposta avançada pelo ministro das Obras Públicas e Habitação, no sentido de a ponte sobre o rio Zambeze ostentar o seu nome". A inauguração da referida ponte está agendada para o próximo dia 1 de Agosto e, por decisão do Conselho de Ministros vai ostentar o nome do actual Presidente da República, Armando Guebuza. Os signatários da referida carta sugerem que a ponte em causa ostente o nome de Eduardo Mondlane. Mas também apresentam outros nomes alternativos para empreendimento.


Na Carta Aberta ao Presidente da República a que o semanário Zambeze teve acesso, os signatarios da mesma, referem que são, "pelo não endeusamento e pelo não culto de personalidades exercendo cargos públicos". Ao Presidente da República, lembram que, "em muitos países é prática que não se atribuam nomes de personalidades vivas a instituições públicas". Os nomes dos ditadores Salazar, Mussolini e Hitler são apresentados como exemplo de figuras que, "deixaram seus nomes estampados em obras de envergadura, mas que depois tais empreendimentos mudaram de nome>. Os autores da referida Carta Aberta dizem que não gostariam que o Presidente da Republica, Armando Guebuza entrasse na história como as figuras supracitadas.
A dado passo da sua missiva, os signatários da mesma, apelam ao Presidente da Republica que, "deixe que seja a história, que seja o povo a endeusa-lo. Tem se dito que elogio próprio é vitupério".
A Carta Aberta em alusão aponta, para os colaboradores do Presidente da República, como estando por detrás do facto de a ponte a inaugurar no dia 1 de Agosto vir a ostentar o nome do mesmo.Num dos pontos da mesma pode-se ler: " Não deixe que o falso elogio, o lambe-botismo, a subserviência dos seus colaboradores o façam perder a Dignidade, Sentido de Justiça, Humildade e Grandeza que o momento requer".

Alicerçando a sua tese no facto de o Executivo moçambicano liderado pelo próprio Armando Guebuza ter consagrado o ano 2009 como ano Eduardo Mondlane, os signatários da retromencionada Carta Aberta defendem ser este, " o momento de dar subsistência a essa exaltação. Faça-o, conferindo no ANO EDUARDO MONDLANE, o nome de EDUARDO MONDLANE a Ponte do Zambeze, em memória deste filho da Pátria moçambicana e Arquitecto da Unidade Nacional, inequivocamente aceite por todos os quadrantes, que deu a sua vida para que hoje Moçambique fosse livre".
Contudo, na refirada carta são dadas outras propostas de nomes para a Ponte sobre o rio Zambeze no caso de o Presidente da República não concordar que a mesma ostente o nome de Eduardo Mondlane.
As nomes alternativos apresentados a ponte são: Ponte 4 de Outubro- em homenagem à Paz, Ponte de Chimuara- em homenagem a todo esforço do povo moçambicano e, em particualr da Zambézia na luta pela sua construção, Ponte sobre o Zambeze- em homenagem a este gigantesco rio que alimenta o país, Ponte da Unidade Nacional- em homenagem à eliminação do acidente geográfico que impedia o país de se unir, Ponte Filipe Samuel Magaia- em homenagem ao grande estratega da luta de libertação nacional, Ponte 25 de Junho- em homenagem ao dia da Independência ou Ponte 25 de Setembro em homenagem ao início da Gesta heróica dos heróis da luta de libertação.
A terminar os signatários da Carta Aberta dirigem-se ao Presidente da República nos seguintes termos: "Tenha a certeza senhor Presidente que o seu nome ( se for o caso) apenas ficará registado na placa e nos dircursos de ocasião. Porque na memória do povo ela será sempre Ponte da Unidade, Ponte do Zambeze ou Ponte Eduardo Mondlane. A História o julgará ou a História lhe fará justiça". Entre os signatários da Carta Aberta ao Presidente da República figuram nomes de diversas figuras da sociedade moçambicana como são os casos do deputado e académico Manuel de Araújo, do jornalista Machado da Graça e do animador cultural Tomás Mulungo. ( In Zambeze)

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